terça-feira, 26 de maio de 2015

SEM MEDO DO MEDO



SEM MEDO DO MEDO


sem medo do medo -abre

Imagine que está diante de um cachorro bravo que rosna para você. O animal avança. Nesse instante, surge a sensação que chamamos de medo. Ele não é nada mais do que a busca do corpo pela sobrevivência. O medo aumenta a produção de hormônios do estresse (adrenalina e cortisol). Essas substâncias causam uma série de reações fisiológicas imediatas, como tensionamento muscular, batimentos cardíacos e respiração acelerados e dilatação das pupilas. “Tudo isso para que você tenha a resposta mais eficaz à situação que coloca sua vida ou integridade física em risco”, explica José Roberto Palcoski, psicólogo do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Como resultado de tudo o que acontece no seu corpo, você pode reagir ao ataque do cachorro de três maneiras: 1) correr, 2) lutar contra o animal ou 3) se fingir de morto.
Medo vale a pena
“O medo é necessário porque impede que a gente se coloque em perigo”, diz Helena Masseo de Castro, psiquiatra de São Paulo.
A maior irrigação de sangue no cérebro e a intensificação da respiração que o temor causa fazem com que você tenha um nível de atenção maior e reflexos mais apurados. Isso é preciso em várias situações, como quando um carro vem em direção ao seu na estrada.

Mas demais, é problema
Algumas vezes você passa por momentos de perigo, ou mesmo ouve sobre pessoas que estiveram em alguma situação perigosa, e acaba construindo um conceito frente a isso. “Neste ponto, o medo pode se tornar um problema, pois vai impedir você de vivenciar novamente essas situações por conta do trauma que viveu ou dos conceitos que criou. É possível até surgir um transtorno de estresse pós-traumático”, diz Palcoski. Nesses casos, ocorrem taquicardia, sudorese, arrepio dos pelos, respiração acelerada quando o motivo do temor é lembrado. Aí, o correto é chamar o medo de fobia ou pânico.
Pergunte a si mesmo sobre a veracidade do perigo. Ou se o que sente está apenas relacionado a algum conceito preconcebido. Caso a resposta seja a segunda hipótese, talvez seja o momento de buscar ajuda profissional. “Quando inibe aspectos da vida, ou seja, faz com que você deixe de fazer algo por causa dele, o medo passa a ser um problema. E o quadro pode até evoluir para casos de ansiedade ou depressão”, alerta Helena.

VOCÊ TEM MEDO DO QUÊ?

LEITORES* APONTARAM OS MAIORES MEDOS. AQUI, ESPECIALISTAS EXPLICAM O MOTIVO DE CADA UM
Ter doença terminal (25%)
Segundo Palcoski, que trabalha diretamente com pacientes terminais, o que preocupa a maioria das pessoas é como vai ser a morte, e não morrer realmente. A aflição surge frente à possibilidade de sofrimento. “Se o conceito básico do medo é que ele serve para preservar a vida, nada mais natural que o maior temor seja justamente o da morte, ou alguma situação que possa levar a ela”, explica Palcoski.

Ficar careca (3%) e barrigudo (5%)
“Neste caso, a questão é mais social, do que uma reação de medo natural. Tem mais a ver com o apelo da moda ou de um padrão estético vigente”, explica Helena. Além disso, perceber o envelhecimento é algo que nos aproxima da morte,  por isso, é natural que cause medo.

Ter filho sem planejar (4%)
Sempre que você se depara com algo que não domina logo de início pode ficar amedrontado e com receio de não ser bom o suficiente para vencer a situação. Se não quer ter filhos, previna-se. Mas se já aconteceu, com o tempo e a adaptação à nova função, o medo tende a diminuir enquanto você se adapta.

Perder a parceira para uma doença (7%)
“Como trabalho em hospital, acompanho familiares dos pacientes terminais. Ninguém quer permitir a partida de quem ama. Por isso, pensar na dor da perda é muito difícil”, explica Palcoski. Se passar por momento assim, é interessante procurar aconselhamento de um profissional. Nesses casos, a terapia ajuda a mudar o foco de si para o outro. “É importante pensar em si, mas também na pessoa que, muitas vezes, está sofrendo e precisa de apoio para lidar com o medo da morte”, finaliza.

Ficar impotente (5%) ou ser traído pela parceira (6%)
A impotência assombra o homem além do fato de ele deixar de ter prazer. Há um componente social nesse medo. “Existem  situações físicas (muitas evitáveis) que levam a problemas de ereção mas, normalmente, o temor tem pouco a ver com a saúde”, explica Palcoski. “O homem ainda se julga e é julgado pela capacidade sexual. Por isso há tanto receio em falhar ou não satisfazer a parceira – que pode procurar outro homem”, diz Helena. Manter as visitas ao urologista em dia pode diminuir o medo de queda na performance por motivos físicos.

Ter cirrose (0,3%) ou contrair uma DST (7%)
É mais uma situação clara de medo de morte. “O lado positivo de ter esse receio é que ele pode levar a um comportamento mais cuidadoso com a própria saúde”, diz Helena. Para limar esse temor da sua lista, não dê chance ao azar. “Para evitar uma DST, o uso do preservativo ainda é indispensável. E, em relação à cirrose, o melhor é controlar o consumo de bebidas alcoólicas e drogas.”

Perder o emprego (2%)
Estabilidade financeira é importante para se sentir tranquilo. “Ficar desempregado ou assumir uma dívida nos tira dessa situação de controle, por isso incomoda tanto”, diz Palcoski. Ter uma boa rede de amigos – ajuda você a se recolocar em caso de demissão –, manter-se atualizado e ter uma reserva no banco pode ajudar a diminuir esse receio.

Sofrer com a violência urbana (3%)
“Especialistas já falam em uma síndrome de estresse pré-traumático causada por isso. Ou seja, antes do trauma já surgem os sintomas”, diz Palcoski. Então, cuide-se, mas evite entrar na paranoia com tudo que é divulgado.

* Pesquisa realizada com 293 leitores  no site da MH entre 5 e 24 de junho.

NÃO FIQUE DOENTE DE MEDO!

TEMER PROCEDIMENTOS MÉDICOS PODE COLOCAR VOCÊ NUMA FURADA
Injeção
Segundo a Universidade de Toronto (Canadá), fobia de agulha é o motivo mais comum para pessoas não se vacinarem. SAIA DESSA! Foque em um ponto e respire profundamente por 5 a 10 minutos. “Isso diminui a ansiedade e pode ajudá-lo a vencer o medo”, diz William Pollack, médico e professor da Universidade Harvard (EUA).

Consulta com o médico
Se você fica nervoso demais até mesmo a medição da sua pressão arterial pode ser imprecisa. Os médicos chamam isso de hipertensão do consultório.
SAIA DESSA! Se ficar ansioso, peça ao médico para explicar o procedimento com calma antes de iniciá-lo. Em muitos casos, já é o suficiente.

Sangue
Um simples exame de sangue é a forma mais fácil de detectar várias doenças, como o diabetes e o colesterol.
SAIA DESSA! Mantenha o olhar longe do sangue. “Os homens não gostam do fato de ter medo”, diz Pollack. Eles se obrigam a olhar para a agulha e, em seguida, passam mal porque ver o sangue aumenta a aflição.

Cirurgia
Segundo Pollack, cerca de 81% dos pacientes têm medo de operações. Desses, 65% temem não acordar da anestesia.
SAIA DESSA! Foque nos números. “A taxa de mortalidade por anestesia em pacientes saudáveis é algo como cinco por milhão”, diz Pollack. Ou seja, é mais seguro do que atravessar a rua em uma cidade grande.

VIRE O JOGO

AQUI, MOSTRAMOS COMO SE SAIR BEM EM ALGUMAS SITUAÇÕES QUE EXIGEM CORAGEM

sem medo do medo 02



Primeiramente, é preciso buscar entender a origem do seu medo e verificar a veracidade do perigo. Superar um temor vai depender muito do momento e da pessoa que o sente. Não podemos comparar um adulto com uma criança. “É normal que algumas crianças desenvolvam temor do escuro, mas não seria considerado normal um adulto com o mesmo tipo de sentimento”, diz Marc Taylor, psicólogo americano. Então, para o especialista, o primeiro passo para que se possa resolver a questão é entender o momento em que esse receio se iniciou, se aconteceu alguma coisa na vida que possa ter originado a situação.
E tenha coragem. Coragem não é ausência de medo, mas sim o impulso de vencê-lo depois de senti-lo. Coragem é o que você precisa para passar por um cachorro bravo ou ter a conversa séria com a companheira. Também é o que você precisa para permanecer no controle. “Quando as coisas vão mal, o que é fundamental é a capacidade de permanecer racional e tomar a melhor decisão”, explica.

Seja o melhor no trabalho
“Você está tão dominado pelo estresse do ambiente que perde sua capacidade de cumprir tarefas da melhor maneira ou se destacar”, diz Taylor. O especialista estudou atletas olímpicos para ver como eles eram corajosos diante de uma intensa concorrência. A tática deles: autoafirmação. Não apenas os ocasionais “eu posso fazer isto” que você pode proferir, mas mantenha a energia positiva o tempo todo, sempre que estiver contemplando a concorrência. “Quem fez isso de forma mais consistente foi significativamente mais propenso a atingir a medalha”, diz Taylor. “Se você puder controlar seu diálogo interno, vai realmente afetar o desempenho com isso”, completa.

Lide com as finanças
Problemas de grana nunca vão desaparecer facilmente, mas deter-se em particular sobre cada um deles não ajuda a diminuir sua aflição. “Em vez disso, preocupe-se com o papel do dinheiro na sua vida como um todo,” afirma Kelly McGonigal, psicóloga da Universidade de Stanford (EUA). “O cérebro humano é fácil de enganar. Sempre que você dá um passo, por menor que seja, para cumprir uma meta, ele relaxa e para de se preocupar.” Então, ao invés de pensar em pagar todas as dívidas de uma vez, faça planejamentos mensais. “Seja realista consigo mesmo. Analisar as contas para compreender o problema vai ajudar”, completa.

Tenha A conversa com a parceira
Você tem que terminar com ela, e não sabe como. Ponha tudo primeiro por escrito. Ao elaborar uma carta para si mesmo, você vai ser meticuloso e cuidadoso com as palavras. Assim, a situação será o menos dolorosa possível. Isso porque as pessoas que escrevem organizam com mais clareza os argumentos e expressam melhor os sentimentos.

Fale bem em público
Você caminha até o palco e congela. “Os nossos antepassados precisavam de hierarquia social para sobreviver”, diz Ethan Moira, psicólogo da Universidade Brown (EUA).
“E o nervosismo garante que respeitamos a opinião das pessoas que estão ali.” Como manter-se relax? A confiança é uma poderosa armadura contra o medo. “Vá com um ou dois objetivos em mente”, diz. “Talvez seja apenas oferecer algo para o público, ou talvez seja apenas se divertir. Tanto faz. Mas cumpra isso.”

Assuma um erro no trabalho
Ninguém sabe do problema, só você. Mas fica agoniado ao pensar no assunto? “O que você tem é medo por antecipação do que pode acontecer”, diz Art Markman, professor de psicologia na Universidade do Texas (EUA). Fale o quanto antes e pronto. Daniel Gilbert, psicólogo americano, diz que não importa o quão ruim o golpe é na hora, temos a tendência de recuperação do nosso equilíbrio no devido tempo. “Depois de algumas semanas, quase nada se revela tão catastrófico como você temia antes de acontecer”, afirma
GOOGLE +
←  Anterior Proxima  → Página inicial

0 comentários :

Postar um comentário

ads